99,8% dos futuros de ouro não possuem respaldo físico

 | 29.03.2016 14:56

A conjuntura financeira mundial atualmente vem sendo marcada pela sem precedentes política de taxas de juros negativas adotadas pelos grandes bancos centrais. Em primeiro lugar, o Federal Reserve norte-americano instaurou medidas que foram seguidas pelo Banco do Japão para, em ato contínuo, serem estabelecidas pelo BCE, Banco Nacional da Suíça, Banco Popular (LS:BPE) da China e Banco da Inglaterra. Por meio da instrumentos que elevaram a inflação monetária, os reguladores tencionavam a estimular o crescimento de preços com vistas à reciclagem das políticas monetárias estimulantes dos mercados financeiros. Como resultado, no entanto, o retorno de obrigações no montante de 6 trilhões de dólares restou negativo. Como previsto, os investidores começaram a migrar seus capitais para metais preciosos, que não apresentam há tempos retornos negativos.

No dia 10 de março, o BCE tomou medidas drásticas objetivando o estímulo monetário através da redução da taxa básica de juros de 0,05% para zero e das taxas dos depósitos que diminuiu para menos de 0,4%. O volume mensal de compras foi elevado de 60 a 80 bilhões de euros, elevando sobremaneira a quantidade de dinheiro adicional no mercado. Qual foi a reação de ouro? Atingiu o máximo de 13 meses em relação ao dólar e bateu a alta do euro estabelecida há 5 anos.

O preço do ouro está correlacionado com a taxa de juros dos reguladores, apesar de não parecer à primeira vista. Por exemplo, consideremos a dinâmica das taxas de juro dos fundos federais propostas pelo Fed. Em teoria, o arrochamento da política monetária aumenta o rendimento dos instrumentos acionários e leva à saída de capitais do mercado de ouro. O aumento da taxa de juros a princípio causa o encarecimento do dólar o que, consequentemente, reduz o custo do ouro.

No entanto, os dados históricos demostram um cenário diverso. De forma a exemplificar, entre 1970 e 1980, o aumento da taxa de juros pelo Fed variou de 4% a 20%. Durante o mesmo período, o ouro subiu de 35 a 675 USD por onça. Outro exemplo: o período pré-crise entre os anos 2003 e 2006, a taxa de juros foi elevada de 1% para 5,5%. As cotações de ouro reagiram em conformidade, passando de 355 a 650 USD por onça.

A este respeito, não há nada de surpreendente no fato de que o declínio generalizado das taxas de juro por reguladores de diferentes países tem um efeito positivo sobre a dinâmica dos preços dos metais preciosos. Levando-se em conta o fato de que o Fed – que opera a curva de Phillips – tende a estimular a inflação, temos um fator que pode gerar suporte ao crescimento dos preços do ouro por um longo período de tempo.

Instale a App
Junte-se aos milhões que acompanham os mercados globais em Investing.com
Transferir