Acções vs Obrigações: Qual a melhor opção?

 | 02.12.2020 15:10

Acções Caras? Poderá valer a pena olhar para obrigações.

Comprar acções porque fazem melhor do que obrigações do tesouro, se estas forem detidas por tempo suficiente de forma a recompensar os investidores pelo risco extra que incorrem, foi a lição que os investidores aprenderam ao longo do tempo sobre o investimento de acções a longo prazo.

Por vezes esse risco é devido, e agora é um desses momentos. Em 2020, as obrigações do tesouro têm tido um desempenho superior aos das acções, uma vez que se torna claro que apenas os activos mais seguros evitarão perdas maiores durante a paragem económica que estamos a enfrentar. Na realidade desde 1900, as acções globais superaram em média 4,31 pontos percentuais por ano as obrigações do tesouro, mas será que num contexto como o que enfrentamos em 2020 as acções ainda fazem sentido?

Para respondermos a esta questão é preciso analisar as acções relativamente às obrigações, enquanto classes de activos e restringindo a análise aos Estados-Unidos, pela sua representatividade nos mercados internacionais. Por um lado temos as acções das empresas americanas praticamente no seu valor máximo histórico2, o que de pode parecer controverso, tendo em conta a recessão económica que estamos a enfrentar. Mas esta elevada valorização, pode ser justificada pela falta de atractividade por parte das obrigações do tesouro (Treasuries Bonds). Se olharmos para a yield da dívida pública (US Treasury 10Y), podemos ver que a mesma diminuiu acima de tudo pela subida dos preços que cresceram à medida que os investidores tentavam encontrar refúgio no meio da pandemia do coronavírus. Este movimento levou a yield para níveis mínimos históricos3. Desta forma, com yields tão baixas, os investidores começaram a questionar se ainda conseguem contar com o duo de segurança e performance que as obrigações do tesouro são conhecidas por oferecer. Assim sendo, com as yields pertos dos mínimos históricos, os investidores argumentam que não há alternativas às acções, podendo então justificar as elevadas avaliações que apresentam actualmente. Para além do anteriormente mencionado, se tivermos em conta o Equity Risk Premium (ERP), ou seja, o diferencial entre o Earnings Yield e a Yield Treasury 10Y, podemos observar que apesar das acções em termos absolutos estarem perto dos seus máximos históricos, os níveis de ERP encontram-se dentro da média dos últimos anos, ou seja, as acções, em termos relativos, não se encontram particularmente sobrevalorizadas.