Alocação de Activos - 4.º Trimestre 2020

 | 03.11.2020 09:01

Alocação de Activos

Apesar de o mundo viver com o COVID-19 há mais de seis meses, o Outlook permanece tão incerto como no início da pandemia. Uma das principais discussões ao longo do terceiro trimestre foi a aparente divergência entre a evolução dos mercados accionistas e de crédito (High Yield) e a evolução da economia real, cuja recuperação, embora positiva, permanece incompleta e frágil. Entretanto, a correcção dos mercados no final do mês de Setembro poderá significar o ‘despertar’ dos investidores para os riscos e desafios que persistem no horizonte.

À presente data, o mundo contabiliza quase 32 milhões de casos de COVID-19, cerca de 7 milhões de casos ainda activos e cerca de 1 milhão de mortes. Nos países do hemisfério norte, o aumento das infecções, o risco de uma segunda vaga e o início do Inverno fazem crescer as perspectivas de novas restrições à circulação de pessoas e ameaçam o ritmo de recuperação da economia mundial. 

Neste contexto de elevada incerteza, incluindo política considerando, por exemplo, as eleições presidenciais nos Estados-Unidos no início de Novembro próximo, é fundamental, aliás como sempre, manter as Carteiras correctamente diversificadas e, na nossa opinião, manter o foco no médio-longo prazo e sistematizar o processo de Alocação de Activos de acordo com três principais dimensões:


i) Contexto macroeconómico

As principais economias mundiais estão a recuperar após as fortes quedas do PIB registadas durante o segundo trimestre deste ano. Por exemplo, nos Estados Unidos, a produção industrial apresenta ganhos mensais consecutivos desde Maio (1% em Maio, 6,1% em Junho, 3,5% em Julho e 0,4% em Agosto), assim como a Zona Euro (12,2% em Maio, 9,5% em Junho e 4,1% em Julho). No Reino Unido, por exemplo, as vendas a retalho subiram 12,1% em Maio, 13,9% em Junho, 3,7% em Julho e 0,8% em Agosto. Ou seja, as principais economias, mesmo as mais afectadas pela pandemia, revelam um elevado grau de resiliência e capacidade de recuperação.

Por outro lado, o rápido e extensivo suporte fiscal e monetário, providenciado pelos governos e bancos centrais desde o início da pandemia, revelou-se muito eficaz, evitando um impacto negativo ainda maior. Entretanto, muitos governos têm recentemente anunciado a extensão dos programas de apoio à manutenção dos empregos, assim como novos estímulos para reforço da procura. Por exemplo, na Europa, o Plano de Recuperação Next Generation EU, no montante de 750 mil milhões de euros (cerca de 5,5% do PIB dos 27 países membros), financiado através da emissão de dívida comum, irá potenciar o investimento a partir de 2021. 

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Por sua vez, os bancos centrais, para além da injecção massiva de liquidez, através de programas de compras de títulos, têm assegurado aos mercados de que as taxas de juro permanecerão a zero (ou negativas, no caso da Zona Euro) nos próximos anos, inclusivamente tolerando níveis de inflação superiores a 2% durante algum tempo. Ou seja, no futuro próximo, teremos taxas de juro reais negativas, potenciando igualmente o investimento e, dessa forma, a recuperação económica.

Concluindo, na nossa opinião, os governos e os bancos centrais não deixarão as economias cair a pique, mantendo os estímulos fiscais e monetários, respectivamente, até a recuperação económica se revelar mais robusta e sustentável.