Credit Suisse – ou Queijo Suisse?
João Abrantes | 22.03.2023 13:20
Há muita informação acerca do que se está a passar nesta crise da banca, mas pouca dela é ao nível da análise técnica. A abordagem que vou fazer hoje é puramente técnica, sem olhar a fundamentos, noticias, ou ao “diz que disse” de políticos ou investidores. Eu não sei quando foi feito o investimento por parte da Segurança Social, nem se foi imposto, mas sei uma coisa, o dinheiro era nosso, e ardeu.
O que vou descrever é o gráfico 6 meses (cada vela diz respeito a um período semestral) do Credit Suisse (SIX:CSGN). Olhar, ler o que diz, e descrever-vos isso, desde que está cotado na bolsa de NY.
Ora, conceitos básicos de Análise Técnica de um gráfico – daqui para a frente designada como TA.
Lição número 1: os preços num gráfico movem-se em ondas, criando um trend. Um trend é uma tendência, e uma tendência é negativa quando as ondas fazemáximos e mínimos mais baixos que os seus antecessores. O trend muda quando um máximo e um mínimo são superiores aos seus antecessores, invertendo dessa forma o trend, passando este a ser positivo.
Lição número 2: Stop Loss – o stop loss é usado para prevenir o investidor/trader de perdas maiores. Ou seja, é um “seguro” que salvaguarda o investidor de perdas avultadas, caso a sua TA inicial tenha sido incorreta, e o trend siga no sentido inverso ao que ele idealizou.
Para o caso, chegam estas duas lições. Poderia escrever um livro com todas as regras básicas de TA, mas para este caso, as duas primeiras lições são suficientes para perceber o que vou descrever a seguir.
Desde 2007 (seta amarela) que as ações do Credit Suisse estão em queda. As bolas vermelhas assinalam os máximos e mínimos decrescentes. A partir do momento que fazemos um máximo em 2009 mais baixo que o de 2007, um investidor mediano, ficaria com as antenas no ar. É um sinal de possível fraqueza do mercado, vínhamos de uma crise imobiliária e fazer o chamado “lower low”, era uma red flag gigante. Ainda assim, a gota de água dá-se em 2012, quando fechamos uma vela semestral (mínimo) abaixo do mínimo anterior, de 2008. Aqui era claro, é textbook de um trend negativo. O canal azul descendente ilustra bem isso, mas como conseguem constatar, todas as bolas vermelhas são abaixo da sua antecessora (máximo e mínimos).
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Um stop loss prevenia todas as perdas que se iriam suceder.
Em 2016 o preço entra num chamado triângulo descendente (a verde), que agora é obvio, mas que só em 2020 se torna claro como água. Um triângulo descendente é um padrão negativo (bearish) que percentualmente quebra o suporte muito mais vezes do que a resistência, ou seja, quebra para baixo.
Foi o que aconteceu em 2021. O resto é história, e nem vou falar daí para a frente.
Como conclusão básica, um investidor que saiba ler um gráfico, olha para este semestral do Credit Suisse, e em nenhuma altura desde 2007 vê algo de positivo. Não há sinais de quebra de resistências importantes, de alteração de trend, não há nada de bom, nada.
Há sim alturas “menos más” para sair, caso a conclusão seja de que o investimento foi mau. Não sei se isso foi pensado, ou sequer se era possível sair deste investimento, o que sei é que a Segurança Social viu o Titanic a afundar-se, só que fazia parte da banda que tocava enquanto o navio se afundava.
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