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ETFs: o investimento preguiçoso

Publicado 22.02.2021, 15:54
Atualizado 09.07.2023, 11:32

Considero os ETFs os melhores amigos de quem quer investir o seu dinheiro, mas não tem tempo para se dedicar ao estudo de empresas individuais ou não quer sequer aprender a fazê-lo.

É um verdadeiro investimento preguiçoso, como veremos já a seguir.

Quero aqui mostrar brevemente o que são ETFs, os vários tipos que existem, as principais vantagens e desvantagens, e as suas diferenças face aos Fundos de Investimento.

1. O que é um ETF?

ETF significa Exchange-Traded Fund.

Um ETF é composto por um conjunto de ativos que negoceia num mercado regulado, tal como as ações. Permite-nos estar expostos a vários ativos diferentes, desde ações a obrigações, passando pelo imobiliário, as mercadorias (como o ouro, prata, cereais, etc.), entre outros.

Os ETFs replicam o comportamento de um índice, como por exemplo o S&P500 (que agrupa cerca de 500 das maiores empresas dos EUA). Nesse índice é considerada uma ponderação: a APPLE (NASDAQ:AAPL) tem um peso diferente da Microsoft (NASDAQ:MSFT), que tem um peso diferente da VISA (NYSE:V), que tem um peso diferente da Amazon (NASDAQ:AMZN), e por aí fora. É por isso que às vezes pode haver 10 ações a cair no índice, mas uma com maior peso no índice está a subir e arrasta todo o índice para cima. Ou o contrário também é válido: muitas empresas do índice sobem, mas como uma das maiores posições cai 10%, arrasta todo o índice para baixo. De qualquer das formas, compramos todas as ações que constituem esse cabaz (o índice) de forma automática e distribuímos o nosso dinheiro com a ponderação que cada ação tem no índice.

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É claro que poderíamos replicar um índice por nós mesmos, comprando todas as ações desse índice e na proporção devida. Mas imaginemos o que é comprar várias ações da Google (NASDAQ:GOOGL) a $2.088, da Amazon a $3.249, e da Berkshire Hathaway Class A a $364.000 (sim, é mesmo este o preço da ação à data que escrevo este artigo!). Isto seria incomportável para a maioria dos portugueses que estão a começar a investir. Para quem queira estar exposto a estas grandes empresas, muitas vezes a única forma de o conseguir pode ser através de um ETF que replique o S&P500.

Como vimos, o ETF replica o comportamento do índice subjacente. E por isso se diz que tem uma gestão passiva. O Fundo de gestão passiva já ponderou o peso de cada empresa no Fundo. Nós apenas comprámos uma fatia desse bolo, digamos assim. E por isso considero o ETF um investimento preguiçoso: não precisamos de fazer nada, alguém o faz automaticamente por nós.

Podemos comprar ETFs tal como se compram ações. Podemos fazê-lo a partir de um Banco de Investimento ou de uma Corretora.

Os ETFs, enquanto Fundos de gestão passiva, são imitidos por Bancos e Sociedades Gestoras (como a Vanguard, a Blackrock, ou a Amundi). Estas entidades são grandes, credíveis e reguladas, o que gera uma elevada confiança nos produtos que oferecem. E em investimento, a confiança é muito importante.

O risco de investir em ETFs implica os mesmos riscos de investir em ações ou noutros ativos subjacentes (seja o ouro, obrigações, moedas, etc.). Se as ações que o ETF tem no cabaz caírem, o ETF cai na mesma proporção. Se o metal precioso a que o ETF está exposto cair, o seu ETF que o replica também cai na mesma proporção.

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2. Tipos de ETFs

Existem muitos tipos diferentes de ETFs onde podemos investir:

  • Índice de ações: Os mais conhecidos são os ETFs que replicam o índice norte-americano S&P500, que reúne cerca das 500 das maiores empresas dos EUA.
  • Setoriais: O índice a replicar pode ser, por exemplo, do setor tecnológico, e o ETF contém apenas ações de empresas ligadas a este setor.
  • Geográficos: Investem numa determinada região, estando expostos, por exemplo, somente à ao continente europeu.
  • de Obrigações: Podem estar expostos a Obrigações Estatais (mais seguras, mas com menor rentabilidade) ou de Empresas (menos seguras, mas com maior rentabilidade).
  • Temáticos: Estão ligados a certos setores específicos, como, por exemplo, as energias renováveis, ou eletrificação do setor automóvel, ou a construção imobiliária, podendo conter no cabaz ações, obrigações, ou outros ativos de exposição a esse tema.

3. Vantagens dos ETFs

Existem diversas vantagens em investir num ETF:

  • Excelente opção para quem se está a iniciar no mundo dos investimentos: as pessoas não têm de se preocupar em escolher os ativos que mais poderão rentabilizar nos próximos meses/anos; essa gestão é feita automaticamente.
  • Possibilidade de investir quando o tempo disponível é reduzido: como a gestão é passiva e o dinheiro está a ser investido automaticamente naquele índice, as pessoas que não têm tempo para estudar ativos financeiros encontram aqui uma tremenda vantagem. Daí este ser um verdadeiro investimento preguiçoso.
  • Possibilidade de diversificar os nossos investimentos a baixo custo: os ETFs apresentam comissões extremamente baixas (por vezes de 0.03%).
  • Gestão passiva: se uma ou duas ações saem do índice (porque faliram ou não cumprem os critérios mínimos para pertencer a esse índice), não tem tanto impacto no nosso investimento, pois o índice colocará lá uma outra empresa suficientemente grande e líquida e que cumpra os critérios mínimos. Por exemplo, se a Apple (NASDAQ:AAPL) falisse e saísse do S&P500, iria entrar uma outra empresa no índice para cobrir essa saída. Isto garante uma diversificação ótima ao longo do tempo. Mais um motivo pelo qual os ETFs são investimentos preguiçosos: não temos esforço nenhum para corrigir situações anómalas nos índices; o processo é feito automaticamente por nós!
  • Reinvestimento automático dos dividendos em alguns ETFs: isto acontece nos ETFs de acumulação (costumam ser identificados com a sigla ACC no nome do ETF).
  • Impossível obter pior desempenho do que o índice replicado: o retorno é muito próximo do índice que está a replicar (há um pequeníssimo desvio-padrão, mas praticamente insignificante). Claro que ao retirarmos os impostos sobre as mais-valias (que acontecem apenas e só quando se vende esse ETF) diminuímos ligeiramente o retorno face ao índice replicado.
  • Tributação dos dividendos no país de origem: como a maioria dos ETFs está cotado em Bolsas nos EUA, os dividendos são tributados a uma taxa mais atrativa. No caso dos EUA a tributação sobre dividendos é de 15%, comparado com a tributação em Portugal de 28%.
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4. Desvantagens dos ETFs

Como o mundo não é feito só de vantagens, também existem algumas desvantagens a considerar nos ETFs:

  • Impossibilidade de escolher as ações/obrigações/mercadorias/etc. em que queremos investir: como a gestão é passiva, o ETF replica o que acontece no índice subjacente. Não podemos escolher os melhores ativos a investir num dado momento.
  • Questões éticas ou morais: pode haver determinados setores em que não queremos investir porque vai contra os nossos ideais ou os nossos princípios. Seja o setor petrolífero, mineiro, ou outro qualquer, podemos não querer ver o nosso dinheiro ser investido nesse setor; e com ETFs mais generalistas (como os que replicam o S&P500) é mais difícil consegui-lo (mas pode ser possível evitar esses setores com os ETFs temáticos – ver acima).
  • Impossível obter melhor desempenho que o índice subjacente: como temos uma exposição a um dado índice, o nosso desempenho replicará com precisão o desempenho desse índice.
  • Impossibilidade de receber os dividendos diretamente em alguns ETFs: nos ETFs de Acumulação (ACC) não há direito a distribuição de dividendos pagos pelas empresas que o índice replica. Os dividendos são totalmente reinvestidos no ETF e, assim, aumentam o poder do Juro Composto (multiplicação do capital). No entanto, os ETFs de Distribuição (identificados normalmente com a sigla DIST no nome do ETF) distribuem dividendos.

5. Principais diferenças entre um ETF e um Fundo de Investimento tradicional

Existem algumas diferenças a considerar entre um Fundo de Investimento tradicional (gestão ativa) e um ETF (gestão passiva):

  • Possibilidade de transação a qualquer momento num ETF: pode-se comprar ou vender um ETF em qualquer momento da sessão de negociação (desde que as Bolsas estejam abertas nesse horário). Os Fundos tradicionais normalmente negoceiam apenas uma vez ao dia. Por isso, o valor líquido do Fundo tradicional costuma ser o valor de fecho do mercado nesse dia.
  • Liquidez dos ETFs tende a ser superior: como negoceiam a qualquer momento durante uma sessão normal de Bolsa, a liquidez dos ETFs costuma ser maior do que nos Fundos.
  • Gestão Passiva: o ETF tem uma gestão passiva, pelo que replica exatamente o índice a que está exposto. Pelo contrário, nos Fundos há uma gestão ativa. Existe um gestor que escolhe os ativos que entram ou saem num dado momento. Se o gestor operar muitas vezes durante o ano (isto é, fizer muitas compras e vendas de ativos), pode estar a diminuir a possibilidade desses ativos rentabilizarem mais a longo prazo e a aumentar os custos para o cliente.
  • Comissões: os custos de gestão num ETF são normalmente menores (entre os 0.03% e os 0.4%, embora haja alguns a chegar aos 0.7%). Comissões reduzidas ajudam-nos a capitalizar mais as nossas poupanças. Ajudam-nos a aumentar o poder do Juro Composto. Pelo contrário, os Fundos tradicionais apresentam comissões fixas e muitas vezes comissões em percentagens do montante negociado. Apresentam comissões de gestão, sobre dividendos, guarda de títulos, comissões de inatividade, etc. Custos elevados retiram rentabilidade ao longo dos anos, pelo que é preciso ter cuidado com isso.
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Apresentei aqui um pequeno guia sobre ETFs, com o objetivo de mostrar que é um ótimo investimento para quem quer começar a investir e não tem o tempo para se dedicar à análise de ativos individuais. Ou mesmo para quem tenha essa disponibilidade de tempo, mas não o queira fazer de todo. Gosto de chamar aos ETFs um investimento preguiçoso, pois como estamos a investir de forma passiva, não temos tantas preocupações. Ficamos apenas a ver o nosso dinheiro a valorizar ao longo dos anos e vamos assim construindo um bom complemento para a nossa reforma. E num mundo cada vez mais caótico em que estamos tão concentrados nos nossos empregos que por vezes mal temos tempo para a família, poder contar com um investimento automatizado parece-me ótimo! Os ETFs são mesmo um investimento preguiçoso!

Últimos comentários

Excelente artigo, obrigada pela partilha do conhecimento. Parabéns! Gostaria, se possível, que esclarecesse o seguinte: quando diz "dividendos são tributados no país de origem", no caso do S&P500 e para efeitos de declaração do IRS, o anexo a apresentar é o J? E no caso do MSCIWORLD?
Olá Cristina. Rendimentos obtidos no estrangeiro são declarados no Anexo J sim. Quer seja pelas mais-valias, quer seja pelos dividendos. As Finanças tributam os restantes 13% para perfazer os 28% totais. De qualquer forma, sugiro consultar um contabilista certificado para ajudar nesta matéria. Saudações lucrativas!
A melhor e mais completa explicacao do que sao este instrumento e a dinamica que lhe e implicita.
Obrigado pelo feedback Telma! É bom ver que ajudou :) Saudações lucrativas!
Obrigado pela partilha de informação!
É um enorme prazer partilhar esta informação Diogo! Obrigado eu por acompanhares as análises!
Muito bom. Excelente trabalho didático
Muito obrigado pelas palavras José!
Excelente trabalho Frederico!! Parabéns!! Mais uma etapa para ser conquistada! Grande abraço
Muito obrigado Paulo! Grande abraço!
Espetacular Frederico!! Parabéns!! Mais uma nova etapa para ser conquistada! Grande abraço
Muito obrigado Paulo. Isso mesmo: levar a literacia financeira a mais portugueses :) Grande abraço
Excelente artigo de clarificação, sobretudo para pessoas como eu, que não estão habituadas a comprar e a vendar Ações, obrigações ou títulos como os ETF's. Obrigado pela informação. aprendi bastante. Boa Frederico, aguardo pelo próximo.
Excelente João! Fico contente por ver que o artigo foi útil :)
Excelente artigo Frederico. Obrigado pelo conteúdo de valor. Cumprimentos
Muito obrigado Marco! Gosto de ver que o artigo acrescentou valor
Boa noite. Artigo muito assertivo que nos permite ter uma melhor compreensão sobre esta matéria.  Continuação de um excelente trabalho. Parabéns!
Obrigado pelas palavras Diamantino. Ainda bem que o artigo ajudou a ter uma melhor compreensão sobre os ETFs. Fico contente por ver isso
Mais um excelente artigo e mais uma excelente oportunidade para poderes divulgar os teus conhecimentos a tantas outras pessoas que pretendem aumentar também os seus conhecimentos nesta área de investimentos financeiros. Muitos Parabéns!
Muito obrigado Jorge! Pelas palavras de apreço e por acompanhares o projeto com afinco!
Sempre em grande .... Os maiores sucessos nesta nova corrida Frederico ...  Aquilo que para alguns é "sorte" para outros apenas é o culminar e o fruto de trabalhooooo ... Parabens  PS: Mais te informo que continuo a contar contigo ...
Muito obrigado Nelson! Grandes palavras! Conto contigo para continuar a seguir o trabalho financeiro!
Seguindo! Good Job
Obrigado Nuno!
Sempre impecavel ...👍🏼
Obrigado António!
Emitidos, não imitidos, creio eu.
Obrigado pela correção!
👏🏻
Obrigado!
Parabéns pelo artigo, só não estou seguro das grandes vantagens que parece observar no produto. Pelo que percebi, só é rentável se o índice subjacente subir. Como sabe que o índice subjacente vai subir? Não sendo certo que isso suceda, não é mais sensato investir num fundo de gestão activa, em que o gestor vai alterando as posições em função das variações dos mercados e das empresas, ao invés de investir num modelo que, mesmo que o índice esteja em queda livre, mantém-se inalterável, logo, igualmente em queda? Obrigado.
Os etfs são claramente um investimento passivo, e não são produtos desenhados a pensar em entradas e saidas do mercado, do seu lado como o caso dos que replicam o sp500 tem as rentabilidades históricas, que apesar de não serem uma garantia futura, ilustram na perfeição o que é deixar o mercado rolar tendo uma rentabilidade média de 9.8% nos últimos 90 anos, são muito poucos os fundos que conseguiram bater a rentabilidade dos mercados.
A grande diferença entre os ETFs que replicam um índice como o S&P500 e um Fundo de Investimento tradicional onde os gestores estão à procura da próxima oportunidade é que no Fundo de Investimento dependemos da capacidade do gestor escolher bem as empresas onde investir (o que pode não acontecer). No ETF que replique o S&P500 podemos contar com as valorizações e desvalorizações do próprio índice. Observando o passado, verificamos que o índice S&P500 no longo prazo (períodos superiores a 20 anos) teve uma performance positiva, embora no curto prazo (períodos entre alguns dias a alguns anos) o índice possa ter tido períodos atribulados. Claro que desempenhos passados não são garantia de resultados futuros. Mas dão-nos uma indicação. Por último, dizer que faz sentido tanto a gestão ativa como a passiva. Sou eu que faço a gestão da maior parte do meu portefólio de ações (gestão ativa), mas é útil também considerarmos ETFs (gestão passiva). Obrigado pelo comentário!
Excelente artigo, totalmente esclarecedor. 👏👏👏
Muito obrigado! É ótimo ver que foi útil!
Muito bom
obrigado Ilídio! 🙏
esclarecedor!
obrigado Anibal! 🙏
E fico muito contente por ver que ajudou! 🙂
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