Jorge Filipe Ribeiro | 23.02.2024 00:26
1. Fast-food e história
A história do tipo de comida fast-food remonta aos primórdios da civilização, com as bancas de comida de rua da Roma Antiga. No entanto, a sua popularização moderna começou no início do século XX nos Estados Unidos.
A White Castle, fundada em 1916, foi pioneira na produção em massa de hambúrgueres a preços acessíveis e nos elevados níveis de qualidade e segurança alimentar da época. Mais tarde, na década de 1940, os irmãos McDonald revolucionaram o setor com a introdução da linha de montagem e do self-service, criando um modelo de serviço rápido e eficiente, fórmula que se espalhou, rapidamente pelo mundo, impulsionada pela globalização e pelo crescimento da classe média.
Atualmente, o fast-food é um fenómeno global e presente em todos os continentes e apesar das críticas relacionadas com a saúde e impacto ambiental, tem vindo a manter a sua popularidade, oferecendo uma opção rápida, prática e acessível a milhões de pessoas.
Hambúrgueres, sanduíches, pizas, massas, comida asiática, tacos, burritos ou frango frito são alguns dos tipos comuns de fast-food servidos em todo o mundo.
2. Dados estatísticos do consumo
De acordo com vários estudos, o consumo regular de fast-food tem mostrado um crescimento superior a 2% ao ano e, em média, as pessoas gastam 148 dólares americanos, por mês, neste tipo de alimentação.
O aumento da população a nível mundial e o desenvolvimento da classe média, resultante do crescente rendimento disponível, têm conduzido a um maior consumo de fast-food. A vida nas cidades implica menos tempo para cozinhar e o acelerado ritmo do quotidiano conduzem a uma maior adoção deste tipo de alimentação, que pelo fácil acesso e rapidez no atendimento ou na acessibilidade de pedidos online, garantem maior comodidade e agilidade para os consumidores, os quais veem este tipo de alimentação como uma alternativa rápida e económica.
2.1. Estados Unidos da América
A maioria dos americanos consome fast-food de uma a três vezes por semana e um terço destes é consumidor diário. A faixa etária entre os 20 e os 39 anos representa a maior parte dos americanos que consome fast-food.
Nos Estados Unidos da América, mais de 80% das famílias realizam uma refeição do tipo fast-food, por semana, gastando, em média, 10% do seu rendimento anual neste tipo de alimentação.
Estudos realizados revelam que o consumo, per capita, nos Estados Unidos da América ultrapassa os 1000 dólares americanos anuais, comparativamente um australiano gasta em média, por ano, 800 dólares americanos neste conceito de refeição.
2.2. Portugal
No nosso país, o número de portugueses que consome fast-food em restaurantes tem vindo a diminuir, contrariando a tendência global. De acordo com o estudo da Marktest, em 2020, 55,9% da população portuguesa afirmava ter consumido refeições fast-food num restaurante, nos 12 meses anteriores. Em 2021, a percentagem caiu para 51,2%, porém 71,4% dos mais jovens, faixa etária entre os 15 e os 24 anos, afirmou ter realizado uma refeição deste tipo num restaurante. Curiosamente, mais de 27% dos indivíduos da faixa etária acima dos 65 anos afirmou o mesmo.
Portugal figura em 16º lugar, na lista dos 20 países onde mais fast-food se consome no mundo. Nele há um consumo per capita na ordem dos 110 euros anuais, abaixo da média da Europa que se encontra nos 200 euros por ano.
A cadeia McDonald's ainda é o restaurante mais popular na indústria de fast-food a nível Mundial, não fugindo à regra em Portugal.
3. O mercado da indústria do fast-food e as perspetivas de crescimento
O tamanho do mercado do fast-food foi avaliado, em 2023, num valor superior a 784 mil milhões de dólares americanos. Contudo, outras análises menos conservadoras atribuíram a esta indústria um valor superior a 975 mil milhões de dólares americanos.
O crescimento e o aumento da procura e do consumo deste tipo de alimentação suporta as antevisões de crescimento assinaláveis do seu mercado.
As previsões apontam para um valor de mercado superior a 930 mil milhões de dólares americanos em 2027, superando os 997 mil milhões de dólares americanos até ao final de 2028. Já análises menos conservadoras apontam um valor superior a 1467 mil milhões de dólares americanos, em 2028.
O crescimento previsto para esta indústria, nos próximos 6 anos, poderá levar a que em 2030 o valor de 800 mil milhões de dólares americanos seja superado, ultrapassando mesmo os 1096 mil milhões de dólares americanos, nas previsões de análises menos conservadoras.
Espera-se que em 2031 um valor acima de 1087 mil milhões de dólares americanos seja ultrapassado ou, somente, em 2032 nas previsões de análises mais conservadoras.
Estes dados demonstram que a Taxa de Crescimento Anual Composta prevista para a indústria do fast-food possa estar compreendida entre os 3,7% e os 7,62% para os próximos 8 anos.
3.1. Mercado europeu
Particularmente, o mercado europeu de fast-food, segundo algumas análises, poderá superar os 192 mil milhões de dólares americanos, em 2030. No ano de 2027 espera-se que a Alemanha, individualmente, ultrapasse o valor de mercado de 28,8 mil milhões de dólares americanos, mantendo a sua posição dominante neste mercado a nível europeu.
Contudo, o Reino Unido com uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista de 6,2% e a França com uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista superior a 11% revelam o incremento de valor que esta indústria apresentará, previsivelmente, nos próximos anos na Europa.
3.2. Japão, Médio Oriente e África
No Japão espera-se que a Taxa de Crescimento Anual Composta prevista seja de 7,3% até 2033. Quanto ao Médio Oriente e África, o tamanho de mercado deste segmento da indústria alimentar poderá ultrapassar os 62 mil milhões de dólares americanos em 2030, conferindo uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista superior a 9,2% nesta geografia.
3.3. América Latina e Caribe
Relativamente à América Latina e Região do Caribe, o mercado do fast-food poderá ultrapassar os 151 mil milhões de dólares americanos já em 2030, prevendo-se, assim, uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista superior a 9,8% nos próximos 6 anos.
4. As oportunidades de investimento
As perspetivas de crescimento deste tipo de indústria podem ser indicadores de que a aquisição de ações de empresas ligadas a este setor alimentar apresentem boas oportunidades de investimento.
No entanto, uma avaliação profunda e uma análise metódica são fundamentais para um correto ajuste ao perfil de investidor e harmonia com a estratégia de investimento.
São agora apresentadas, sucintamente, algumas empresas do segmento do fast-food, as quais podem, depois de estudadas e avaliadas, conferir oportunidades de investimento interessantes.
ETFs – Exchange Traded Funds
Numa lógica do investidor menos focado na seleção de ações individuais de empresas existem os ETFs (Exchange Traded Funds) como alternativa de investimento. Embora não havendo um ETF exclusivo de restaurantes de fast-food, o AdvisorShares Restaurant ETF (NYSE:EATZ) é um dos ETFs no âmbitos deste tipo de serviços de restauração. Apresenta uma TER de 1,01% e empresas como Yum! Brands, Inc., Domino’s Pizza, Inc. (DPZ) ou McDonald’s Corporation (MCD) fazem parte da sua lista de holdings.
5. Conclusão
Fatores demográficos, como o aumento da população, a maior capacidade financeira da classe média a nível global, associados a um estilo de vida ocidental de ritmo acelerado têm contribuído para um crescimento e expansão da indústria do fast-food.
A maior facilidade de aquisição, as refeições rápidas e económicas, bem como uma confiança nos níveis de segurança alimentar em empresas, mundialmente conhecidas, criaram condições ideais para que esta indústria apresente perspetivas de crescimento assinaláveis.
Através de empresas individuais ou via Exchange Traded Funds (ETFs), pode o investidor estar exposto a este mercado. São várias as oportunidades de investimento que o fast-food proporciona, porém é importante e fundamental fazer uma análise e avaliação prévias profundas para que a decisão de alocar fundos a este segmento se adeque corretamente ao perfil de investidor, estratégia e objetivos de investimento.
As ideias e as opiniões, acima descritas, refletem a minha linha de pensamento sobre estes veículos de investimentos. Assim, não devem as mesmas ser consideradas ou tidas como forma de aconselhamento financeiro.
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