Nova Trading Idea - Facebook: O Renascer das Cinzas

 | 06.08.2018 18:09

Descrição

O Facebook, Inc. é a casa mãe de algumas das maiores redes sociais no mundo, incluindo a homónima Facebook, o Instragram e o Whatsapp. O Facebook monetiza as suas redes sociais através de publicidade. O Facebook está presente em praticamente todo o mundo, com a excepção de alguns países onde é banido (p.e. China) e lidera a quota de mercado de redes sociais nos mercados onde está presente. Cerca de 2,5 mil milhões de pessoas utilizam uma das apps do Facebook por mês. Negoceia na bolsa de Nova Iorque com uma capitalização bolsista de USD 517 mil mi.

Racional

Resultados desapontaram: A última apresentação de resultados do Facebook foi bastante negativa para a acção, levando a uma correcção drástica. O Facebook reportou receitas de USD 13,23 mil mi e lucros por acção de USD 1,74, com o mercado a projectar valores de USD 13,36 mil mi e USD 1,72 para as métricas. O número de utilizadores globais diários desapontou as estimativas – 1,47 mil vs. 1,49 mil –, com as receitas médias por utilizador – USD 5,97 vs. USD 5,95 – a superar. O número de utilizadores diários nos EUA ficaram inalterados face ao trimestre sequencial e na Europa reduziram em 3 mi. Esta evolução menos positiva nos utilizadores nos EUA e Europa reflectem o efeito do escândalo de divulgação de dados de Cambridge Analytica e a entrada do Regime Geral de Protecção de Dados (RGPD) na Europa.

E o modelo de negócio está a amadurecer: A correcção do Facebook após a divulgação de resultados também decorre da guidance apresentada pela empresa para os próximos trimestres, onde indicou que espera uma queda significativa na taxa de crescimento das receitas, que em conjunto com os crescentes custos com o desenvolvimento de Stories (componente do Instragram) e alterações regulatórias, irão erodir as margens da empresa.

Contudo as oportunidades de crescimento não se esgotaram: A aquisição do Instragram em 2012 por USD 1.000 mi foi um dos ‘rasgos de génio’ do Facebook. O Instragram é uma das redes sociais com maior crescimento, em especial na faixa etária mais jovem (onde a presença da rede social Facebook não é tão forte) e posiciona-se cada vez mais como um dos principais vectores de crescimento da empresa. Ainda que actualmente menos monetizável que a rede social Facebook, a empresa está a investir fortemente no Instragram, sendo expectável que este investimento resulte numa maior monetização do Instragram no futuro. Adicionalmente, o Facebook também esta a desenvolver uma aplicação de encontros (rivalizando com o Tinder e similares) e continua a aposta em conteúdos de vídeo (incrementando o envolvimento dos utilizadores com a rede social).

Correção foi claramente exagerada: Considerando as ainda risonhas perspectivas futuras do Facebook, a queda de cerca de 21% da acção no pós-resultados é exacerbada e deverá levar a uma recuperação no título.

Estamos realmente preocupados com a nossa privacidade? O Facebook é muitas vezes classificado como um Big Brother digital. A comparação é de facto verdadeira, mas na nossa visão, e não obstante as inúmeras notícias sobre o tracking que somos alvo na internet, os hábitos actuais da sociedade não são congruentes com uma maior busca por privacidade. Assim, escândalos como o de Cambridge Analytica e novas regulações de protecção de dados (RGPD), ainda que representando desafios para as redes sociais, actualmente não têm gerado uma alteração assim tão profunda ao nível dos hábitos da sociedade – se assim fosse, a evolução de utilizadores do Facebook nos últimos resultados teria sido muito mais negativa do que factualmente apresentado. Enquanto a sociedade priorizar conexões, uma parte do modelo de negócios do Facebook (facilitar estas conexões) estará salvaguardada. A segunda parte (monetizar estas conexões através de publicidade) decorre por consequência da primeira.