Nova Trading Idea - Walt Disney: A “Força” Está nos Conteúdos

 | 11.04.2018 13:10

Descrição

A Walt Disney (NYSE:DIS) é uma empresa de media sediada nos EUA. Os principais segmentos de negócio são canais de media (46% do resultado operacional), parques e hotéis (26%), estúdios de cinema (16%) e produtos de retalho e media interactiva (12%). A empresa cota na bolsa de Nova Iorque com uma capitalização bolsista de USD 150 mil mi.

Racional

A “Força” está nos conteúdos: Actualmente existe uma crescente procura por conteúdos, motivo pelo qual a Netflix (plataforma de streaming) foi forçada a desenvolver também os seus próprios filmes e séries. Neste sentido, as empresas que tiverem o conteúdo mais apelativo aos consumidores deverão atingir melhores resultados. A Disney para além dos conteúdos de animação Disney e Pixar possui também direitos sobre conteúdos Marvel e sobre a saga Star Wars da Lucas Film, que geraram em 2017 mais de USD 6 mil mi em receitas de cinema. Para além do cinema, através da venda de conteúdos e publicidade nos seus canais como o Disney Channel (cerca de 313 mi de subscritores) e ESPN (canal de desporto com cerca de 234 mi de subscritores), a empresa gerou cerca de USD 23 mil mi em 2017. A Netflix, em comparação, tinha no final de 2017 cerca de 120 mi de subscritores e gerou 12 mil mi em receitas nesse ano. A Disney já anunciou que a partir de 2019 não irá renovar o contrato de fornecimento de conteúdos à Netflix e que pretende iniciar o seu próprio serviço de streaming. Para isso adquiriu uma posição maioritária na empresa BAMTech que possui uma plataforma de serviços streaming, através da qual irá lançar um serviço de streaming da ESPN em 2018 e prevê lançar em 2019 um para os restantes conteúdos.

Diversificação de receitas: A Disney tem parques de diversões e hotéis na Califórnia e Flórida, um resort no Hawaii, uma linha de cruzeiros, uma particpação de 47% no Disneyland Resort em Hong Kong e 43% no Disneyland Resort de Shangai. Gera também receitas com venda de direitos sobre o Disney Resort de Tóquio. Assim, gera cerca de USD 18 mil mi por ano em receitas de parques e hotéis. Na área de produtos de retalho e media interactiva gera cerca de USD 6 mil mi através de venda de merchandise, jogos, livros e revistas e publicidade em sites da Disney. Assim, ainda que o investimento no seu próprio serviço de streaming possa deteriorar as receitas com conteúdos e aumentar o investimento, estes segmentos de parque, hotéis e produtos de retalho deverão manterse estáveis mantendo assim a empresa com fluxos de caixa operacionais positivos.

Aquisição de activos da 21st Century Fox: A Disney anunciou no final de 2017 a intenção de adquirir alguns activos da 21st Century Fox: Fox Studios (que produz filmes como XMen, Idade do Gelo, Planeta dos Macacos e Avatar), os canais Fox (com excepção dos de desporto e notícias), direitos desportivos regionais nos EUA, o canal National Geographic, a posição na Hulu (30%) e a posição na Sky (39%). Em Dezembro a Disney confirmou uma oferta de USD 52,4 mil mi. Com a aquisição da posição de 30% da Fox no serviço de streaming Hulu, a Disney passaria a deter uma posição de 60%. Assim poderia alavancar também o seu serviço de streaming usando a Hulu que já conta com cerca de 17 mi de subscritores nos EUA. A Fox por sua vez, já tinha anunciado a intenção de comprar a SKY (empresa de media Britânica) por GBP 17,5 mil mi. A SKY tem cerca de 22 mi de subscritores, dos quais 12 mi no Reino Unido, 5 mi na Alemanha e Austria e 5 mi em Itália, gerando assim o interesse da Disney na posição da Fox na SKY, relacionado com o crescimento do seu possível serviço de streaming na Europa.

Múltiplos atractivos e abaixo da média do sector: Mais de 60% do resultado operacional da Disney provém de venda de conteúdos e a empresa está a investir no lançamento do seu serviço de streaming. Comparando assim a Disney com a Netflix vemos que a empresa está com um desconto significativo. O seu rácio de preço/lucro situa-se no nível mais atractivo de 14,4, vs 96,2 do Netflix. Ao comparamos os ROE e ROA da Disney (25,3% e 11,5%) com os do Netflix (17,9% e 3,4%) é visível a superioridade de retornos da Disney. Face à TimeWarner, que também produz conteúdo, a Disney possui um valor mais alto de P/E (14,4 vs 12,6) mas que é explicado pelos maiores rácios de retorno (ROE e ROA) e menor dívida líquida / EBITDA (1,3 vs 2,5).