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Sector agrícola - mútiplas oportunidades de investimento

Publicado 07.06.2021, 08:23
Atualizado 09.07.2023, 11:32

A agricultura, para além de actividade económica é um nicho de investimento e desempenha um papel essencial à vida e ao Homem. É um sector abrangente no que diz respeito à dinâmica de mercado, e uma oportunidade de investimento com enorme potencialidade.

A percentagem média da contribuição deste sector, no PIB, na Europa (42 países) foi de 3,47%, na Zona Euro de 1,88% e 2,06% em Portugal, segundo os dados de 2019 disponíveis em www.theglobaleconomy.com. Contudo, a nível mundial, a média da percentagem ficou, nesse ano, fixada em 10.19%. Este valor, no entanto, tem em consideração os países onde a agricultura é o sector mais forte da economia, nomeadamente, em países com condições económicas debilitadas resultantes de inúmeros factores internos e externos, e onde o sector agrícola é a maior ou quase exclusiva fonte de rendimento, da maioria da população.

Para além dos dados estatísticos, percebe-se que o sector agrícola é muito vasto, tendo na sua abrangência áreas como: produção agrícola, pecuária, indústria química (fertilizantes e pesticidas), equipamentos e maquinaria, processamento alimentar e de sementes, distribuição, entre outros.

É um sector económico, que, efectivamente está oculto dos grandes holofotes do investimento, mas que ocupa, de facto, uma posição muito privilegiada para quem está atento à sua dinâmica no mercado. A inflação é um dado adquirido e a alimentação é essencial à vida, logo, com o aumento dos preços, o sector terá, também, o seu crescimento. Porém, muitos são os desafios que enfrenta, os quais serão abordados mais adiante.
 

O funcionamento do sector agrícola

O sistema de funcionamento do sector agrícola é complexo, mas muito eficiente, o que lhe confere uma excelente oportunidade de investimento. Uma compreensão mais profunda da sua configuração de acção permite perceber a sua dimensão, relevância e abrangência nas áreas do mercado, negócio e investimento.
 
Existem, essencialmente, três componentes constituintes do sistema do negócio agrícola.

A inicial de aporte ou insumo, a produtiva ou intermédia e, por fim, a componente transformadora ou de processamento.
Dentro destas três componentes existem outras áreas, que actuam de forma directa e indirecta, nomeadamente, a indústria química, o sector da maquinaria agrícola, ou a área da logística e distribuição.

Dado o foco e objectivo deste artigo, apenas será apresentada uma breve descrição dos três competentes principais do sistema de funcionamento deste negócio.
 
 
1) A componente de aporte é aquela que fornece aos agricultores e produtores tudo aquilo que é necessário para operar, designadamente,
- pesquisa e desenvolvimento de sementes, a Syngenta (SYT), empresa com sede em Basileia é um dos exemplos;
- crédito à actividade agrícola;
- maquinaria propriamente dita, como a Deer Company (DE) ou a CNH Industrial (CNH), detentora das marcas de equipamento agrícola como a Case IH, New Holland e Steyr;
- produtos químicos, como fertilizantes, Nutrien Ltd (NTR) ou a Israel Chemicals (ICL) e
- pesticidas, como o caso da FMC Corp (NYSE:FMC) (FCM), a Scotts Miracle-Grow Company (SMG) ou a sobejamente, conhecida Bayer (OTC:BAYRY),
são exemplos de empresas que operam nesta componente.
 
Uma variável importantíssima nesta componente é a qualidade dos vectores iniciais a utilizar. Aqui é fundamental existir qualidade de tudo aquilo que produzirá a base para o funcionamento do componente de produção. É essencial, haver qualidade das sementes, dos fertilizantes e da capacidade de controlo de pragas.
 
 
2) Componente da produção
Esta é, provavelmente, a complente do sistema do negócio agrícola mais conhecida, publicitada e onde reside a maior parte das acções visíveis do sector.

É nela onde os agricultores realizam a sua actividade de produção agrícola e/ou pecuária. É uma componente que, por força da sua modernização e industrialização, tem vindo a evoluir, aceleradamente, com um foco muito direcionado na especialização.

Cada vez mais empresas agrícolas ampliam as suas áreas de exploração e criação de gado, no sentido de aumentarem a eficiência e capacidade produtiva, especializando-se num ou dois tipos de produção. Esta especialização facilita o crescimento, expansão e desenvolvimento de pequenos produtores, fomentando a sua progressão como empresários e a sua adaptação às necessidades do mercado.

É o sector que, embora mais dependente dos preços das commodities agrícolas, exportações, pagamentos estatais e de condições climatéricas, apresenta maior crescimento e expansão. Salientam-se nomes como a Bunge (BG), a Tyson Foodss (TSN) ou a Archer Daniels Midland (ADM), empresas com uma posição forte no mercado da produção agrícola a nível mundial.
 

3) Por fim temos a componente do processamento.
Sendo a última da cadeia, depende, em grande parte, do sector produtivo para poder operar. Contudo, desempenha um papel fundamental no sistema. É nesta componente em que, por exemplo, o trigo é transformado em farinha, as azeitonas em azeite, as uvas em vinho, laranjas em sumo ou os tomates em ketchup.

Representa o elo de ligação do sector agrícola com os consumidores. Sem farinha, não seria possível haver pão para toda a alimentação.
As diferentes commodities são transformadas e processadas de acordo com as exigências dos consumidores, as quais nunca seria satisfeitas sem a existência de todo o conjunto de empresas pertencentes a esta componente do sistema de funcionamento do sector agrícola.

A Kellogg Company (NYSE:K), Kraft Co (NASDAQ:KHC)  ou a Sanderson Farms Inc (NASDAQ:SAFM) são exemplos de empresas da componente transformadora do sistema do agronegócio.
 
Verifica-se que este sistema funciona como um todo e as partes não podem funcionar separadamente. Por esta razão, muitas empresas da componente do processamento têm, muitas vezes, subsidiárias no sector da produção, conferindo, assim, as vantagens necessárias ao bom funcionamento do seu negócio. Não estão dependentes de terceiros e podem exercer uma influência maior na componente, talvez, mais primordial e importante, para o sucesso do seu negócio.
 

Os desafios que o sector agrícola enfrenta

Sendo um sector de grande amplitude e envolvência são identificáveis vários desafios ao seu funcionamento, uns mais particulares de cada componente, mas que, considerando a sua interligação no sistema, terão uma grande influência no seu todo.

Um dos grandes desafios prende-se com a competição e concorrência. Países com grandes indústrias agrícolas competem, entre si, no sentido de conseguir maior capacidade de fornecimento global. A modernização, especialização e capacidade produtivas e da logística de distribuição e exportação são fundamentais, num sector onde o valor não se encontra na diferenciação do produto (milho, trigo, soja são semelhantes em qualquer parte do globo), mas sim na capacidade de o produzir em grande escala, com a máxima qualidade e com a maior eficiência possível. A logística do armazenamento, transporte e distribuição são fundamentais, principalmente em produtos frescos e perecíveis. A Total Produce plc (T7O) é um exemplo de uma empresa deste componente, a qual detém 45% da Dole Company.
 
As alterações climáticas são, no geral, um grande desafio que este sector terá, sempre, de enfrentar, raros são os anos em que não existem fenómenos extremos relacionados com alterações climática, que, pela sua imprevisibilidade, podem, muitas vezes, provocar perdas irreparáveis do ponto de vista produtivo das colheitas, episódios de perda de equipamento, infra-estrtururas e até mão de-obra. As seguradoras e os produtos vocacionados para a agricultura têm um papel preponderante nesta área. A título de exemplo, a AgriSompo da Sompo Holdings (OTC:SMPNY), vocacionada para os seguros do agronegócio.
 
A eficiência energética é, igualmente, um desafio que o sector da agricultura tem de superar. Os custos com energia nas operações de produção criam, por vezes, um inevitável aumento do preço de produção e nem sempre é possível garantir o preço previsto dos bens nos contractos futuros. Por esse motivo, a eficiência energética é, a todos os níveis, fundamental para conseguir manter níveis de operação adequados à forte competição deste sector económico.
 
A aquisição de espaços para produção agrícola e pecuária é outro dos desafios com que este sector se debate. A especialização tem sido muito importante para alcançar níveis de operação sustentáveis, contudo, é fundamental ter uma área de terreno compatível com as necessidades das grandes explorações agrícolas e, principalmente, pecuárias. A aquisição destes espaços tem sido, por vezes complexa, no que se refere ao negócio imobiliário e do ponto de vista ambiental.
 
O último desafio destacado neste artigo enquadra-se com os recursos humanos.
Um sector como o agrícola é, extremamente, desafiante no que diz respeito a recursos humanos. Há uma amplitude grande de profissões mais e menos especializadas ligadas a este sector. Porém, a componente produtiva implica um esforço de mão-de-obra acentuado. Apesar da evolução tecnológica ter, ao longo dos anos, permitido uma redução da dependência do homem, existem ainda operações sujeitas ao trabalho humano. Problemas associados a contratações, ambíguas, de trabalhadores, falta de mão-de-obra interna e recurso à imigração (por vezes ilegal) entre outros, têm criado, neste sector, desafios enormes que implicam ajustes, correcções e adaptações necessárias até serem ultrapassados.
 

Investir no sector agrícola

O investimento no sector da agricultura pode ser feito de diferentes formas e utilizando diversas estratégias.

De acordo com o perfil do investidor, a estratégia de investimento escolhida e o objectivo pretendido com o investimento será possível alocar fundos em diferentes veículos de investimento. Os três veículos mais conhecidos e que permitem investir no mercado agrícola são as commodities agrícolas, os Exchange Traded Funds (ETFs) de commodities ou as acções individuais de empresas ligadas ao sector como os exemplos mencionados anteriormente.

Nas commodities agrícolas, destacam-se, a título de exemplo, as de grão, algumas delas com a finalidade de alimentação do gado, como o milho, aveia, cevada. Trigo e arroz são outros dois exemplos destas mercadorias transacionadas no mercado bolsista.

Outras commodities agrícolas são o açucar, o algodão, o cacau ou café. A madeira, borracha e lã são, também, mercadorias usadas como veículos de investimento. O gado para alimentação inclui-se, igualmente, nas commodities transaccionáveis.

Outra opção para investir no sector da agricultura são os ETFs. Estes, neste sector particular, focam-se nos cestos de commodities. Desta forma o investidor poderá alocar fundos em ETFs como o Teucrium Agricultural Fund (TAGS) ou o iShares Agribusiness UCITS (ISAG), sabendo que os mesmos vão ter um comportamento de replicação, permitindo uma exposição de capital a um veículo de investimento de forma passiva.

Outra alternativa de investimento no sector agrícola são os Real Estate Ivestment Trusts (REITs).

Apesar de não ser um investimento directo no sector, é uma opção para um investidor mais focado no ramo imobiliário, e que, simultaneamente, opte por estar exposto às oportunidades do agronegócio. O Farmland Partners Inc (FPI) ou o Gladstone Land Corporation (LAND) são dois exemplos de REITs vocacionados para o sector agrícola, detentores de terrenos, explorações agrícolas e infra-estrturas ligadas a este ramo da economia.
 

Conclusão

Uma visão mais aprofundada do sector agrícola permite concluir que esta actividade económica, indispensável à humanidade, é muito mais abrangente, complexa e vasta do que aparenta ser.

O seu sistema de funcionamento é um conjunto de componentes interligados entre si, os quais contêm várias oportunidades de investimento nas mais diversas áreas de negócio, desde a indústria química à imobiliária.

Cabe ao investidor determinar e definir qual a opção e estratégia de investimento mais adequada ao seu perfil e objectivo a alcançar.

Porém, para decisões bem fundamentadas e estruturadas é essencial uma profunda análise e avaliação, pois, investir no sector agrícola ou no agronegócio é algo bastante acessível, dada a sua abrangência, diversidade e amplitude. A complexidade das decisões não reside no investimento, por si só, mas, sim, onde e como investir dentro de um sector económico, tão amplo e vasto como este.
 
As ideias e as opiniões, acima descritas, reflectem a minha linha de pensamento sobre estes veículos de investimentos. Assim, não devem as mesmas ser consideradas ou tidas como forma de aconselhamento financeiro.

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Últimos comentários

Caro Domingos Oliveira, muito obrigado pelas suas palavras e pela sua análise, em particular às estatísticas do nosso país, relativamente à contribuição este sector para o PIB Nacional.
Jorge Filipe Ribeiro.. Foi entusiasmante a forma com que li este seu comentário sobre o interesse, ou não, que a agricultura pode exercer no sector do investimento. Tendo como principal curiosidade o facto de Portugal ter uma percentagem média de contribuição neste sector, no PIB, superior à da zona euro (2,06 vs 1,88), não significará, todavia, que o sector agrícola seja a maior fonte de rendimento da sua população, nem, muito menos, porque seja o seu sector preponderante. Concluo que o principal motivo assente, ainda, na sua debilidade económica, face à países bem melhor apetrechados. Resulta claro, observando a clara análise feita, que a agricultura é uma vastíssima área de actuação onde o investimento pode , de facto, intervir. Muito oportuna a observação sobre as principais componentes que constituem o sistema de negócio agrícola, como impactante o enunciar dos desafios e riscos que o mesmo enfrenta. Concluindo, considero esta análise um excelente e influente caminho  que pode,
........ com facilidade, ser percorrido. Parabéns e obrigado pela dica
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