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Um país de políticos

Publicado 02.09.2013, 12:29

Então a recessão acabou? No segundo trimestre, na terrível crise política, como pode a economia ter crescido e o desemprego cair? Há aqui grande mistério!

Portugal é um país de políticos. Dois desconhecidos encontram-se e logo depois diz-se mal do Governo. Não interessa a realidade mas os dirigentes, culpados de todo o bem e mal que existe. Em dez milhões de cidadãos só contam quinze, os ministros. Pior, Portugal é um país de rivalidades. Todos temos clube e o do vizinho joga mal.

Juntando os dois elementos, sai o ridículo de 80% dos eleitores votarem em dois partidos iguais que se combatem sem cessar. Agora, na crise, parecem muito diferentes, com o PSD acusando o PS de criar a catástrofe e o PS considerando o PSD neoliberal. Mas há trinta anos a crise nasceu com o PDS/CDS e foi o PS a aplicar a austeridade do FMI.

O pior é que toda a esta superestrutura mediática oculta aquilo que realmente interessa. Só se fala de política, leis, medidas, eleições, omitindo a vida, sociedade, trabalho e mercados, que de facto orientam a nossa existência. Depois surgem surpresas, como a economia recuperar no meio da confusão institucional.
Imensa gente anda angustiadíssima com o futuro do País devido à má qualidade dos nossos dirigentes e jornalistas, sem pensar na excelente qualidade do povo. Muitos estão furiosos com os políticos, de um ou outro lado, por terem dado cabo de Portugal, sem notarem que Portugal está vivo e recupera dos disparates que todos cometemos.

É claro que a política tem influência, muita influência. Mas está longe da omnipotência que a nossa ilusão criou. Mais ainda, temos políticos maus há oito séculos e ainda por cá andamos. Aliás, tudo somado, os actuais até são muito melhores do que os antigos e o nosso nível de vida, mesmo com crise, está bastante acima das gerações anteriores. Para o ver basta afastar os mitos elegantes da nossa retórica e olhar para o mundo e para a história. Coisa que temos muita dificuldade em fazer, por sermos um país de políticos. Gostamos do fanatismo cómodo, raivoso ou laudatório que criámos para nós mesmos. É tão mais simples acusar um poder remoto pelos nossos sofrimentos do que assumir culpas e enfrentar dificuldades!

Se isto é sempre verdade, em tempos de crise sente-se mais. Nos últimos anos a obsessão pela política e a fúria partidária explodiram. Com isso aumentou em muito a cegueira face à realidade. Um buraco deste tamanho não pode ter sido culpa de um punhado de governos. Ele nasceu de vinte anos de ilusões de dez milhões de cidadãos. Se o País fosse povoado por alemães, as políticas de Sócrates não teriam tido os efeitos que tiveram. Nem sequer ele seria eleito e reeleito.

Agora, o essencial da solução não está em estratégias ministeriais ou na célebre reforma do Estado, mas no ajustamento que os dez milhões estão a dar às suas vidas, para resolverem a sua situação. Isso começou muito antes da troika e pouco depende do Orçamento. Assim se explica o mistério. A recessão, que se situa mais na sociedade do que nas políticas, foi fazendo o seu caminho, debaixo do alarido mediático e combates partidários. As famílias mudaram de vida, as empresas corrigiram estratégias e cortaram custos, muitas desapareceram. Os capitais e trabalhadores aumentaram a eficácia, inventaram novos caminhos, procuraram alternativas. A economia ajustou.

Agora, segundo as regras económicas que a dirigem, a conjuntura parou a queda. Isto não é mérito do Governo ou influência da Oposição. Foram os trabalhadores e consumidores, investidores e mercados, nacionais e estrangeiros, milhões deles, que determinaram a trajectória. A economia, que começou a reagir à situação, não em Abril de 2011 com a troika mas logo em Setembro de 2008 com o crash financeiro, tem avançado bastante o seu ajustamento. Nesse sentido pode dizer-se que a crise está próxima do fim.

Então as dificuldades acabaram? Claro que não. Ainda há muito a fazer. Por exemplo, no ajustamento do Estado em que devido a lutas, insultos e truques se fez muito pouco.

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