BEIRUTE, 23 Nov (Reuters) - Prorrogar as sanções dos Estados Unidos ao Irão por 10 anos violaria o acordo nuclear iraniano, disse o líder supremo da República Islâmica, Ayatollah Khamenei, esta quarta-feira, alertando que Teerão irá retaliar se as sanções foram aprovadas.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados dos EUA reautorizou a Lei de Sanções ao Irão (ISA, na sigla em inglês) por uma década. A lei foi adotada em 1996 para punir investimentos na indústria energética iraniana e refrear o ímpeto do país na busca por armas nucleares.
A medida expira no final de 2016 se não for renovada. O projeto de lei da Câmara ainda precisa de ser aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, para se tornar lei.
O Irão e potências mundiais firmaram o acordo nuclear, também conhecido como Plano de Ação Conjunta Abrangente no ano passado. O pacto impôs limites ao programa nuclear iraniano em troca do abrandamento das sanções, que prejudicaram seriamente sua economia.
"O governo atual dos EUA violou o acordo nuclear em muitas ocasiões", disse Khamenei ao discursar numa reunião de membros da Guarda Revolucionária, de acordo com seu site. "A mais recente é a prorrogação de sanções por 10 anos, que, se acontecer, certamente seria contra o JCPOA, e a República Islâmica certamente reagiria a isso".
Os parlamentares norte-americanos aprovaram o projeto de lei uma semana depois de o republicano Donald Trump ter sido eleito presidente. Republicanos do Congresso opuseram-se unanimemente ao acordo, assim como cerca de duas dezenas de democratas, e Trump também o criticou.
Parlamentares dos dois partidos disseram esperar que o apoio bipartidário a uma postura rígida com o Irão continue com o novo mandatário.
O presidente eleito Trump disse certa vez, durante sua campanha, que iria "rasgar" o acordo e provocou uma reação ríspida de Khamenei, que disse que, se isso ocorresse, o Irão iria "atear fogo" no pacto.
A Câmara dos Deputados também aprovou um projeto de lei na semana passada que impediria a venda de aeronaves comerciais da Boeing BA.N e da Airbus AIR.PA a Teerão.
A Casa Branca acredita que a legislação seria uma violação do acordo nuclear e disse que Obama vetará a medida se ela de fato passar pelo Senado. (Reportagem de Bozorgmehr Sharafedin; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua; Editado por Daniel Alvarenga)