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Carlos Costa do BCE quer solução estilo TARP para bancos lidarem crise coronavírus

Publicado 07.07.2020, 15:00
Atualizado 07.07.2020, 15:06
© Reuters.

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Por Sergio Goncalves e Andrei Khalip

LISBOA, 7 Jul (Reuters) - A Europa tem de avançar com um esquema similar ao TARP-Troubled Asset Relief Program norte-americano, adoptado na crise do 'subprime' em 2008, para a banca enfrentar a tempestade económica gerada pela pandemia do coronavírus, disse o governador do Banco de Portugal Carlos Costa.

O também membro do Conselho de Governadores do Banco central Europeu (BCE), num artigo de opinião enviado em exclusivo à Reuters, disse que "a crise da pandemia terá um impacto profundo na economia mundial" e a sua duração e tamanho ainda estão rodeados por uma "grande incerteza".

Afirmou que, "embora temporário, este choque corre o risco de deixar cicatrizes duradouras se os formuladores de políticas e as autoridades não coordenarem as suas respostas".

"No sector bancário, o impacto reverberará através da dinâmica da qualidade dos activos, com o aumento dos rácios de malparado", avisou Carlos Costa, cujo mandato termina este mês.

"Soluções sistémicas estilo TARP serão necessárias a nível europeu, mesmo se implementadas a nível nacional", disse, referindo que tal "exigirá flexibilidade adicional quanto à interacção entre auxílios estatais e a Directiva de Recuperação e Resolução de bancos.

O TARP nos EUA, ao comprar activos ilíquidos e com problemas de precificação de mercado, foi crucial para estabilizar a banca e a economia norte-americana.

Carlos Costa disse que terão de ser tratadas politicamente e "com urgência" as questões de risco moral, visando revigorar o projecto da União Bancária, senão repetir-se-ão as discussões após a recente crise da dívida soberana na Zona Euro.

A proposta da UE Next Generation - com o fundo de recuperação europeu de 750 mil milhões de euros - "é oportuna e vai na direção certa". Mas, "falha no suporte oportuno aos estágios de reparação e recuperação: não poderemos reorientar os modelos de negócios se, entretanto, as empresas falirem".

"É necessário explorar opções políticas para impedir que a atual crise de liquidez corporativa evolua para uma crise de insolvência: evitar a 'zombificação' das empresas e do mercado de trabalho é agora essencial", afirmou Carlos Costa.

Os países tomaram medidas no mercado laboral, moratórias, garantias estatais para empréstimos a empresas e os reguladores e supervisores complementaram com a flexibilização regulatória "para mitigar o impacto imediato nos balanços dos bancos".

Mas, à medida que as economias emergirem da pandemia, "as vulnerabilidades financeiras pré-existentes serão compostas por dívida adicional do sector público e do privado", afirmou.

"Os encargos das dívidas corporativas e das famílias correm o risco de se tornar incontroláveis em caso de severa contração económica, colocando em risco a sua solvência", disse.

Assim, deve ser usado o 'balão de oxigénio' criado pelas moratórias e pela flexibilidade dos reguladores para implementar soluções para reduzir os riscos de insolvência.

EVITAR 'PRECIPÍCIO'

"Antes dos formuladores de políticas relaxarem as medidas adoptadas no pico da crise, é necessário implementar soluções para permitir a capitalização das empresas e evitar os efeitos do precipício ('cliff effects')", avisou o governador.

Afirmou que há propostas, como converter créditos garantidos pelo Estado em 'equity' ou 'quasi-equity', mas as opções de "identificação e triagem de empresas inviáveis merecem consideração cuidadosa" e são precisos procedimentos de insolvência acelerados.

"A nível europeu, essas soluções precisam ser coordenadas sob os auspícios do desenvolvimento da União dos Mercados de Capitais, a fim de evitar soluções nacionais que protegem as empresas locais e os setores econômicos que arriscariam a singularidade do mercado da UE", disse.

"Confrontados com uma tempestade, fomos capazes de nos refugiar (alívio), mas agora precisamos reparar os danos e garantir que possamos recuperar e reorientar as economias para enfrentar novas tempestades", concluiu.

(Por Sérgio Gonçalves e Andrei Khalip; Editado por Patrícia Vicente Rua)

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