PIB português recupera perante 2020 mas ainda não atinge valores de 2019

Jornal da Moeda

Publicado 02.03.2022 15:06

PIB português recupera perante 2020 mas ainda não atinge valores de 2019

A 28 de Fevereiro de 2022, o Instituto Nacional de Estatística divulgou os dados do valor do PIB de 2021 (anual e trimestral).

De acordo com o INE, apesar da tendência de recuperação do PIB português, o impacto da pandemia em 2020 foi tal que o PIB nominal em 2021 (211 mil milhões de Euros) continua ainda inferior ao de 2019 (214 mil milhões de Euros).

Resultados PIB Português 2021

O Produto Interno Bruto português (soma do valor monetário de todos os serviços e bens finais produzidos em Portugal) apresentou os seguintes valores em 2021:

Valores anuais

AnoValor NominalVariação AbsolutaVariação Percentual

PIB 2017 195.947 +9.457 +5,07%
PIB 2018 205.184 +9.237 +4,71%
PIB 2019 214.375 +9.191 +4,48%
PIB 2020 200.088 -14.287 -6,66%
PIB 2021 211.461 +11.373 +5,68%

Dados do INE (em milhões de Euros). Variações relativamente ao ano anterior

Pelos dados apresentados pelo INE, é visível que, apesar da variação positiva em 2021 face a 2020, o aumento do PIB em 2021 não só não colmatou a sua diminuição em 2020, como pouco se afastou da variação normal dos últimos 3 anos pré-pandemia. Pré-pandemia o PIB aumentava cerca de 9 mil milhões de euros por ano, e em 2021 ficou-se pelos 2 mil milhões.

Convém salientar que estes dados apresentam-se em valores nominais, a preços correntes, onde a inflação impacta o valor do PIB.

Nesse sentido, até que ponto uma maior subida do PIB em 2021 não terá sido influenciada apenas por uma subida generalizada dos preços?

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Se tivermos em conta os dados em termos reais, sem ter em conta a subida dos preços desde 2011 – tal como o INE para os seus cálculos “em volume” – obtemos os seguintes montantes:

AnoValor “Real”Variação AbsolutaVariação Percentual

PIB 2017 193.029 +6.539 +3,51%
PIB 2018 198.529 +5.500 +2,85%
PIB 2019 203.855 +5.326 +2,68%
PIB 2020 186.645 -17.210 -8,44%
PIB 2021 195.831 +9.186 +4,92%

Dados do INE (em milhões de Euros). Variações relativamente ao ano anterior

Analisando os valores a preços constantes o cenário apresenta-se ainda mais sombrio, mas, a recuperação mais acentuada.

Embora o PIB real de 2021 se apresente inferior até ao de 2018, o aumento anual da produção de bens e serviços, quando comparado aos aumentos anuais pré-pandemia, foi quase duplicado em 2021, tendo aumentado 4,92% face a 2020 enquanto em 2019 aumentou apenas 2,65%.

Mas e como se repartem estes valores anuais e que períodos mais contribuíram para os montantes apresentados?

Valores trimestrais

Trimestre PIB 2021 PIB 2020      PIB 2019     PIB 2018

46.575 49.196 50.527 49.139
48.592 41.694 50.813 49.522
49.937 47.812 51.047 49.782
50.727 47.943 51.468 50.086
Total 195.831 186.645 203.855 198.529

Dados do INE (em milhões de Euros). Valores constantes (PIB “Real”)

Obtendo uma perspectiva trimestral é visível o impacto que o COVID-19 teve na economia, um impacto sentido desde o 1º trimestre de 2020 e que começou a esmorecer apenas no último trimestre de 2021.

No 2º trimestre de 2020 pode notar-se a verdadeira extensão dos confinamentos obrigatórios decretados no início do agravamento da pandemia em Portugal: Para obtermos um trimestre tão módico temos de recuar até ao 3º trimestre de 1998.

Adicionalmente, apenas no 3º trimestre de 2021 Portugal obteve um PIB superior ao do período homólogo em 2018 e em nenhum trimestre conseguiu ainda superar os valores trimestrais de 2019.

No entanto, é também clara a recuperação do PIB português face a 2020, tendo subido percentualmente em todos os trimestres de 2021, à excepção do 1º (o primeiro confinamento foi decretado apenas a 19 de Março de 2020), registando neste último trimestre um aumento de 5,8% relativamente ao 4º trimestre de 2020.

Sectores mais afectados

Entre os vários sectores de actividade, ecoaram de maneiras diferentes os impactos provocados pelo COVID-19.

Entre 2020 e 2019 a variação sentida foi a seguinte:

Sector/AnoPIB 2020PIB 2019Variação AbsolutaVariação Percentual

Agricultura, silvicultura e pesca 3.780 4.019 -239 -6%
Indústria 23.565 25.569 -2.004 -8%
Energia, água e saneamento 6.262 6.644 -382 -6%
Construção 7.699 7.473 +226 +3%
Comércio, alojamento e restauração 28.927 34.806 -5.879 -17%
Transportes, informação e comunicação 14.270 15.732 -1.462 -9%
Actividades financeiras e imobiliárias 29.430 29.821 -391 -1%
Outras actividades de serviços 49.673 52.311 -2.638 -5%
Impostos sem subsídios e discrepâncias 23.038 27.480 -4.442 -16%

Dados do INE (em milhões de Euros)

Tal como foi diversas vezes aclamado, o sector do comércio e restauração foi de longe o mais afectado pela pandemia. Os sectores de transportes, comunicação e informação, e indústria diminuiram perto de 9%, no seu contributo para o valor do PIB.

Mas como recuperaram estes sectores num ano significativamente mais aberto social e economicamente?

Relativamente a 2020, no ano de 2021 obtivemos os seguintes valores de PIB por sector:

Sector/AnoPIB 2021PIB 2020Variação AbsolutaVariação Percentual

Agricultura, silvicultura e pesca 4.040 3.780 +260 +7%
Indústria 24.666 23.565 +1.101 +5%
Energia, água e saneamento 6.354 6.262 +91 +1%
Construção 7.964 7.699 +265 +3%
Comércio, alojamento e restauração 30.444 28.927 +1.517 +5%
Transportes, informação e comunicação 15.448 14.270 +1.178 +8%
Actividades financeiras e imobiliárias 29.874 29.430 +444 +2%
Outras actividades de serviços 52.071 49.673 +2.398 +5%
Impostos sem subsídios e Discrepâncias 24.969 23.038 +1.931 +8%

Dados do INE (em milhões de Euros)

Segundo os dados do INE, dos sectores mais afectados em 2020, apenas o sector de transportes, armazenagem e actividades de comunicação e informação quase retomou valores pré-pandemia.

Já superar os níveis pré-pandemia esteve apenas ao alcance do sector de agricultura, do sector de construção e do de actividades financeiras, tendo os três sectores sido os únicos com PIB superior em 2021 face a 2019.

No lado oposto, o comércio e restauração é, de longe, o sector mais afastado desse objectivo, tendo a sua recuperação coberto apenas 1/4 do que foi perdido em 2020.

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