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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 21 Mai (Reuters) - Portugal vai lançar a primeira emissão de 'Panda bonds' de um país da zona euro em 30 de Maio, visando colocar 2.000 milhões de renminbi a 3 anos, disse o ministro das Finanças, Mário Centeno.
Esta emissão, que está a ser 'trabalhada' há mais de dois anos, teve agora o 'OK' necessário da autoridade de supervisão da China para avançar.
"A emissão será de 2.000 milhões de renminbi, aproximadamente 260 milhões de euros, a três anos. O preço só vai ser definido a 30 de Maio e o IGCP vai estar na China nessa altura", disse o ministro das Finanças em declarações telefónicas à Reuters.
"Portugal é o primeiro país do euro a fazer emissões no mercado chinês. É uma primeira entrada, tem uma dimensão importante, mas no contexto das emissões de Portugal é ainda assim limitada", afirmou Mário Centeno.
Explicou que o interesse por este mercado tem a ver com a sua "dimensão e liquidez e para Portugal permite uma diversificação de mercados de financiamento".
Frisou que "a gestão de dívida pública tem dois eixos muito importantes: a manutenção de maturidades médias estáveis, e têm vindo a aumentar muito ligeiramente nos últimos anos; e aproveitar a fase de taxas de juro baixas para colocar a dívida portuguesa ao longo da curva de maturidade de forma adequada".
"Agora que temos a porta aberta, este mercado importante vai, no futuro, ser olhado para fazer esta gestão (da dívida pública", afirmou Mário Centeno.
O Bank of China e o HSBC (LON:HSBA) são os joint lead managers.
O ministro das Finanças disse que esta emissão só avança agora, depois de terem sido concretizadas todas as autorizações necessárias, desde a comissão que supervisiona este mercado na China até ao banco central chinês.
Esta emissão foi precedida de uma visita do primeiro-ministro à China, em Outubro de 2016, do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e uma visita do ministro das Finanças em Maio de 2017.
Em Agosto de 2017, o banco central chinês deu uma autorização informal para a submissão da documentação para posterior 'OK' da autoridade de supervisão, que só emitiu hoje o certificado para emissão.
Portugal, com um história de vários séculos de relações com a China, através de Macau, tem estreitado os laços não só a nível político, mas também empresarial.
Portugal tornou-se um dos principais destinos europeus para os investimentos da China durante o resgate internacional entre 2011 e 2014, com grandes empresas chinesas a comprarem posições importantes nos maiores grupos nacionais.
No final de 2011, quando Portugal agonizava num severo resgate financeiro, a CTG adquiriu 21 pct na EDP (SA:ENBR3) e tem agora 23 pct. No início de 2012, a State Grid da China comprou 25 pct da REN RENE.LS , em 2014, a Fosun comprou a maior empresa de seguros de Portugal, a Fidelidade, e usou-a para comprar a Luz Saude no mesmo ano.
Em 2016, a Fosun adquiriu 16,7 pct no maior banco cotado português, Millennium bcp BCP.LS , e desde então aumentou a sua posição para mais de 27 pct. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)