O que pode acontecer no caso do Brexit sem acordo?
O "Operation Yellowhammer", o documento de previsão do governo de Londres, traça um cenário sombrio, com um impacto considerável na vida dos britânicos. Por exemplo: Os camiões poderão esperar mais de dois dias para atravessarem o Canal da Mancha, alguns dos alimentos frescos vão diminuir no mercado, com o consequente aumento dos preços; os protestos e contraprotestos podem repetir-se por todo o Reino Unido.
Estima-se que o fluxo de tráfego no Canal da Mancha possa cair cerca de 60% logo no primeiro dia e que possa ser perturbado ou mesmo interrompido nos primeiros três meses. As filas de trânsito podem afetar seriamente o transporte rodoviário de mercadorias com enormes perturbações no abastecimento, nomeadamente medicamentos e produtos frescos.
O documento também prevê que algumas empresas possam parar de negociar, que o mercado negro possa crescer e que alguns prestadores de serviços de assistência social de adultos possam mesmo falir.
Para além disso, esperam-se protestos e contraprotestos por todo o Reino Unido e um crescimento da desordem pública.
Num quadro mais vasto, tudo isto vai arrastar a quinta maior economia do mundo - aquela que mais cresceu no G7 nos últimos anos - para um terreno escorregadio. De acordo com o Banco da Inglaterra, no caso de um Brexit sem acordo, o PIB cairá cerca de 5,5%, o desemprego aumentará mais do dobro - para cerca de 7% - e a inflação vai galopar para níveis acima dos 5%.
Estes cenários parecem não impressionar os apoiantes do Brexit que desdramatizam, afirmando que "vai haver problemas, mas que não serão tão graves como se pintam e que será por uma boa causa. A longo prazo, o país sairá beneficiado".
O governo diz que o documento revela só o pior cenário e que está preparado para todas as contingências.