SÃO PAULO, 24 Mai (Reuters) - O dólar oscilava em queda frente ao real nesta sexta-feira, depois de mostrar estabilidade, com razoável alívio quanto à disputa comercial entre Estados Unidos e China após comentários do presidente norte-americano, Donald Trump, e de olho no cenário político nacional.
Às 12:32, o dólar BRBY recuava 0,59%, a 4,0237 reais na venda.
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,18%, a 4,0474 reais na venda.
O dólar futuro DOLc1 cedia 0,35%, a 4,0305 reais.
No exterior, o dólar .DXY também cedia, afastando-se de máximas em dois anos alcançadas na véspera.
Na quinta-feira, Trump previu um rápido final para a guerra comercial com a China, mesmo que no momento não exista previsão para uma nova rodada de negociação, e disse que as reclamações do país contra a Huawei podem ser resolvidas dentro da estrutura de um acordo. na esteira de declarações e medidas agressivas de ambas as partes, a fala de Trump ajudou a melhorar o sentimento nesta sexta-feira, dando espaço para um recuo do dólar contra o real.
Da cena interna, o real ainda se beneficia da percepção de comprometimento do Congresso em avançar a pauta econômica.
A cautela, porém, persistia. Em entrevista publicada no site da Veja nesta sexta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que irá renunciar ao cargo se a reforma da Previdência pretendida pelo governo virar uma "reforminha" inspirou cautela. uma leitura de que a declaração de Guedes tem como alvo parlamentares, o que pode causar irritação em um momento delicado na relação entre Executivo e Legislativo.
Na avaliação do economista-chefe da Geral Asset, Denilson Alencastro, o momento pede cuidado, especialmente em função da importância do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na articulação da reforma da Previdência.
"Rodrigo Maia conseguiu se colocar como essa figura do primeiro-ministro. O presidente tem que saber negociar com o Maia", afirmou.
Investidores também trazem no radar as manifestações pró-governo previstas para domingo. Parte do mercado entende que ambos os cenários --protestos esvaziados ou com alto comparecimento-- não são interessantes para o governo no atual momento.
Se esvaziados, podem enfraquecer ainda mais o presidente Jair Bolsonaro. Se tiverem um bom comparecimento, podem irritar o Congresso, o que ocorreria em um momento importante em que o governo precisa que parlamentares votem uma série de medidas provisórias que caducam em poucos dias.
O BC vendeu nesta sexta-feira todos os 5,05 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em rolagem do vencimento julho.
Em 17 operações, o BC já rolou 4,293 bilhões de dólares, de um total de 10,089 bilhões de dólares a expirar em julho. O estoque de swaps do BC no mercado é de 68,863 bilhões de dólares. (Por Laís Martins Edição de José de Castro)