Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 26 Abr (Reuters) - A banca portuguêsa fortaleceu-se nos últimos meses, mas ainda falta resolver o elevado crédito malparado agregado, disse o CEO do Santander Totta, frisando que terá de ser o comprador Lone Star a suportar eventuais novos encargos com o Novo Banco e não os outros bancos.
Lembrou que "o aumento de capital da CGD está em vias de ser realizado, o BCP (LS:BCP) fez uma operação no mercado e resolveu os problemas, e o BPI viu a sua situação accionista clarificada".
"Relativamente ao passado, podemos dizer que há uma melhoria do sistema bancário português. Temos tido uma evolução positiva", disse o Chief Executive Officer (CEO) António Vieira Monteiro, em conferência de Imprensa.
"Restam alguns assuntos por resolver: o crédito malparado e o Novo Banco. Não entendo como é que o Fundo de Resolução (FR) pode vir a ser chamado a mais responsabilidades perante o Novo Banco".
A 31 de Março, o Fundo de Resolução acordou vender 75 pct deste 'good bank' ao fundo norte-americano Lone Star, que não pagará contrapartida, mas injectará 750 ME iniciais no capital e mais 250 ME em 3 anos, ficando o FR com os restantes 25 pct.
Contudo, antes do 'closing', o Novo Banco terá de fazer uma desafiante troca voluntária de um mínimo de 500 ME de obrigações por novas obrigações, que permitirá reforçar o 'common equity tier 1' (CET1) e está a gerar alguma incerteza no mercado.
O FR é detido pelos bancos do sistema.
"Quem compra o banco tem obrigação de assumir os riscos da compra que faz", afirmou António Vieira Monteiro, vincando: "os outros bancos serem chamados a essa responsabilidade é um bocado forte".
"Acho que deve ser quem compra que deve correr riscos. E não outros bancos que devem correr os riscos por conta dos erros do passado", disse o CEO. "Gostaríamos de ter sido outra solução à encontrada. Nós somos efectivamente quem põe lá o dinheiro. Não nos sentimos bem com a solução obtida".
A 20 de Abril, a inglesa Aethel Partners disse que pondera avançar com uma acção judicial que trave a venda do 'good bank' Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, acusando o Banco de Portugal de não admitir a sua proposta de 3.800 milhões de euros, que era a mais elevada, apesar das regras do concurso serem flexíveis.
O lucro da unidade portuguesa do Santander SAN.MC cresceu 8,6 pct para 124 milhões de euros no primeiro trimestre de 2017.
"À medida que o tempo vai passando e com a melhoria da economia, o crédito malparado vai diminuir. É preciso tomar medidas concretas para melhorar essa situação", referiu ainda António Vieira Monteiro.
(Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)