Por Sergio Goncalves
LISBOA, 27 Mar (Reuters) - O maior grupo industrial português EDP-Energias de Portugal EDP.LS lançou um 'takeover' sobre a subsidiária EDP (SA:ENBR3) Renováveis (EDPR) para comprar os 22,47 pct que não detém, e acordou a venda da espanhola Naturgas por um 'firm value' de 2.591 milhões de euros (ME), com uma mais-valia esperada de 700 ME em 2017.
Em comunicado, a EDP, que tem 77,53 pct da EDPR EDPR.LS , referiu que oferece uma contrapartida de 6,8 euros por cada acção da EDPR, o que representa um prémio de 10,5 pct em relação ao preço médio ponderado dos últimos seis meses, que é de 6,15 euros; e um prémio de 9,7 pct face ao fecho de 24 de Março.
"Estrategicamente a potencial aquisição (da EDPR) (...) visa reforçar a aposta da oferente (EDP) como líder na actividade de produção de energia através de fontes renováveis e continuar a apostar no crescimento do negócio e actividade (da EDPR)", afirmou a EDP.
"(Visa também) simplificar o 'equity story' da oferente (EDP) integrando um dos seus principais veículos de crescimento", afirmou, destacando que também permitirá à EDP aumentar a sua exposição à actividade desenvolvida pela EDPR, com o "intuito de beneficiar em maior escala de crescimento atractivo das energias renováveis".
As acções da EDP - cujo maior accionista é a China Three Gorges CYTGP.UL com 21,3 pct do capital - fecharam a subir 0,45 pct para 2,93 euros e as da EDPR a ganharem 1,08 pct para 6,267 euros.
VENDE NATURGAS
Num comunicado separado, a EDP afirmou que aceitou uma oferta vinculativa de um consórcio de investidores para vender a sua subsidiária espanhola Naturgas por um 'firm value' de 2.591 ME, encaixando uma mais-valia esperada de 700 ME em 2017.
Realçou que esta oferta por 100 pct da Naturgas tem "um impacto esperado de cerca de 2.300 ME na redução da dívida líquida da EDP em 2017".
Em 2016, a dívida líquida da EDP caiu 1.500 ME para 15.900 ME, com a dívida líquida/EBITDA a descer para 4,2 vezes de 4 vezes.
A EDP explicou que aquele 'Firm Value' de 2.591 ME "inclui cerca de 200 ME a receber após 2017 num período esperado de 5 anos", recordando que o EBITDA da Naturgas em 2016 foi de 165 ME, ajustado para reflectir a contribuição nos 12 meses de 2016 dos activos de GPL adquiridos à Repsol (MC:REP).
"A transacção proposta não terá impacto nos resultados da EDP no primeiro trimestre de 2017, representando uma mais-valia líquida esperada de cerca de 700 ME em 2017", referiu a EDP.
Afirmou que a oferta vinculativa, totalmente financiada, foi apresentada por parte de um consórcio de investidores composto entre outros por investidores institucionais assessorados pela J.P. Morgan Asset Management, pelo Abu Dhabi Investment Council e pelo Swiss Life Asset Managers.
"A oferta foi submetida pela Nature Investments, veículo instrumental criado pelo consórcio composto pela Covalis Capital e pela White Summit Capital", referiu.
Adiantou que a EDP e o consórcio de investidores visam avançar para a assinatura de acordos definitivos no mês de Abril, sendo que a conclusão da transacção proposta estará sujeita às habituais aprovações regulatórias.
A Naturgas é a subsidiária da EDP para a distribuição de gás em Espanha, dispondo de mais de 1 milhão de pontos de abastecimento de gás natural e gás propano liquefeito, nas regiões do País Basco, Cantábria e Astúrias.
"Esta transacção não inclui as actividades de comercialização de gás, não tendo qualquer impacto na relação da EDP com os seus clientes em Espanha".
"O encaixe financeiro resultante desta alienação será parcialmente aplicado na igualmente anunciada hoje potencial aquisição de acções da EDP Renováveis, actualmente detidas por accionistas minoritários, enquanto que o valor remanescente se destinará à redução da dívida e nível de endividamento da EDP".
SEM CONDIÇÃO SUCESSO
A EDP afirmou que a eficácia da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDPR não estará subordinada à verificação de qualquer condição, estando a operação sujeita à obtenção de registo prévio junto da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
É pressuposto da oferta a não ocorrência de qualquer alteração substancial nos mercados financeiros nacionais e internacionais e das respectivas instituições financeiras, não assumida nos cenários divulgados pelas autoridades dos países onde a EDPR tem actividades e que tenha impacto substancial negativo na oferta, excedendo os riscos a ela inerentes.
Caso a oferente EDP venha a deter, em resultado da oferta, acções que ultrapassem 90 pct dos direitos de voto da EDPR, a EDP admite requerer a retirada das acções da EDPR do mercado regulamentado gerido pela Euronext Lisbon.
(Por Sérgio Gonçalves)