Investing.com - Contrariando as previsões, o Presidente da República surpreendeu Portugal ao rejeitar o acordo governamental proposto pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e por Paulo Portas, que desencadeou uma crise política ao apresentar um pedido de demissão do ministério dos Negócios Estrangeiros a par da demissão de Vítor Gaspar do ministério das Finanças.
O chefe de Estado desafiou o PSD, PS e CDS a estabelecerem um compromisso de salvação nacional, com eleições em 2014.
A instabilidade política parecia ultrapassada, mas perante este novo cenário o PSI 20 iniciou a sessão desta quinta-feira em terreno negativo, com uma queda de 1,06% para os 5.475,85 pontos. Uma exceção à maré de otimismo que reinava entre os investidores nas praças do velho continente.
À medida que o dia avançava o índice principal da praça lisboeta recuava 0,69% com todas as cotadas em baixa. O setor da banca, mais exposto ao risco da República, era o que mais pressionava, com o Banif a liderar as perdas ao cair 1,67% para os 0,053 euros por ação. O banco iniciou a nova fase do plano de capitalização na segunda-feira, mas as ações têm vindo gradualmente a perder terreno.
BCP e BES também registavam fortes perdas ao desvalorizar 3,23% e 2,07% para os 0,09 euros e 0,614 euros por ação respetivamente.
As ações do BPI recuavam 2,94% para os 0,89 euros.
Os títulos da Sonae Indústria também registavam uma queda abrupta de 4,08% para os 0,47 euros. As ações da casa-mãe recuavam 1,89% para os 0,725 euros. Já os títulos da Sonaecom perdiam 1,81% para os 1,577 euros.
Os pesos pesados PT, EDP, GALP e Jerónimo Martins também acentuavam as perdas, à medida que o receio com a proposta de Cavaco Silva ganhava força entre os investidores.
Perante o clima de incerteza, as “yields” das Obrigações do Tesouro a dez, cinco e dois anos estavam a subir.
Entre as restantes praças do velho continente respirava-se confiança, perante a expectativa de manutenção de estímulos à economia norte-americana. No discurso ontem proferido, o presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Ben Bernanke, defendeu a necessidade de manter estímulos, apesar das minutas divulgadas pelo Fed revelarem o debate sobre o período indicado para começar a retirar os planos de compra de dívida ainda em 2013.
Perante estes sinais, os mercados exibem sinais de tranquilidade. O índice Eurostoxx 50 subia 1,28% para os 2.693,65 pontos.
O DAX alemão destacava-se pela positiva ao valorizar 1,34%. O MIB italiano subia 1,24% e CAC francês 1,23%. O FTSE londrino apreciava 1,18%, acompanhado pela valorização de 0,99% do IBEX madrileno. A par de Lisboa, Atenas estava em contra-ciclo com uma queda acentuada de 2,24%.
A palavras do presidente da Reserva Federal dos EUA também tiveram impacto positivo nos mercados asiáticos.
A bolsa de Tóquio fechou a sessão de hoje em alta, ao ganhar 0,39 %, com o índice Nikkei a cotar-se nos 14.472,58 pontos. O banco central do Japão constatou também, pela primeira vez em mais de dois anos, que a economia nipónica começa a dar sinais de recuperação.